quarta-feira, 22 de junho de 2016

Você conhece o Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos?


Por Lourdes Gonçalves Furtado, Graça Santana,
 Isolda Maciel da Silveira, 
Denize Adrião 
e Lorena Mendes



Tradicionalmente quando se fala em laboratório logo nos remetemos à idéia de um espaço relacionado às ciências naturais, nunca se imaginando um lugar de atividades de pesquisa no campo antropológico. No entanto Lévi-Strauss orientava o Laboratoire d’Anthropologie no Collège de France, em Paris; Aliette Geistdoerfer organizou e dirige atualmente o Centre de Ethno-Technologie en Milieux Aquatiques (o C.E.T.M.A.) no Centre National de Recherches en Sciences Sociales (C.N.R.S.) instalado no prédio do Museum National d’Histoire Naturelles (MNHN) em Paris, onde uma das autoras teve oportunidade de fazer estágio pós-doutorado e dos quais veio a inspiração para a criação do Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos (o LAMAq) em 2003, no Museu Paraense Emilio Goeldi, na Coordenação de Ciências Humanas - Área de Antropologia. 


O Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos-LAMAq 

Na Amazônia Brasileira, o Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos-LAMAq visa fortalecer os estudos no campo das ciências sociais, como: estudos de populações haliêuticas; contribui com as políticas públicas, os movimentos sociais e o Programa de Estudos Costeiros-PEC, do Museu Paraense Emilio Goeldi.

O LAMAq foi criado em 2003 com o objetivo de legitimar a relação do Goeldi com as comunidades pesqueiras da região. É fruto de estudos entre populações haliêuticas da Amazônia Brasileira realizados pela equipe de pesquisadores do Projeto de Pesquisa RENAS e situa-se como a parte prática do Projeto Populações Tradicionais Haliêuticas –Impactos Antrópicos, Uso e Gestão da Biodiversidade em Comunidades Ribeirinha e Costeiras da Amazônia Brasileira (Fase III). 

Os objetivos do Laboratório visam transformar em médio prazo o Projeto RENAS em uma estrutura mais duradoura, para legitimar a relação do Museu Goeldi/CCH com o campesinato pesqueiro na região amazônica brasileira; Incentivar desdobramentos teóricos e metodológicos acumulado pelo Grupo de Pesquisa do RENAS, através da pesquisa, ensino e ações de extensão; Reunir pesquisadores da Antropologia, de Ciências afins e dirigentes comunitários no sentido de criar um núcleo - fórum permanente de reflexão, estudos e intercâmbio de experiências sobre o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vidas das populações pesqueiras, discutindo e revisando conceitos correntes no contexto pesqueiro e das políticas públicas; Dinamizar o Acervo Documental do Projeto RENAS e o Banco de Imagens (BIP-RENAS) disponibilizando aos interessados (academia e sociedade civil).

O Laboratório tem como MISSÃO gerar e difundir conhecimentos sobre os sistemas sócio-culturais cuja vida está relacionada aos diversos ecossistemas aquáticos da Amazônia brasileira.
A interação entre os pesquisadores e as populações pesqueiras e ribeirinhas da Amazônia é um dos desafios do Laboratório de Antropologia dos Meios Aquáticos- LAMAq, da Coordenação de Ciências Humanas- CCH/Museu Paraense Emílio Goeldi.
O LAMAq realiza suas atividades seguindo as linhas de pesquisa do projeto RENAS: Antropologia interativa, com foco para a geomorfologia costeira em sua relação oceano-continente; ornitologia da ave-fauna marinha em sua interação com a população humana, em suas práticas cotidianas; ictiologia de espécies endêmicas e comerciais; botânica de restingas, mangue e matas ciliares; saúde, saneamento e índice de desenvolvimento humano (IDH).

O LAMAq incentiva desdobramentos teóricos e metodológicos acumulados pelo RENAS, através da realização de ações de pesquisa, ensino e extensão principalmente nas comunidades da zona costeira amazônica, além de intercâmbio de experiências, pesquisas e debates sobre as populações pesqueiras, com enfoque para as gentes e o meio ambiente, as políticas públicas, uso e gestão de territórios e diálogos interculturais, relacionados a países ( Moçambique e Portugal) parceiros do projeto RENAS. É um núcleo de reflexão e estudos que mantém o debate sobre o segmento haliêutico da sociedade amazônica, onde se coloca em diálogo os diferentes modos de viver dos sujeitos que são os interlocutores das pesquisas antropológicas nas áreas onde o projeto realiza as pesquisas. Além deste diálogo e troca de saberes com as populações das comunidades envolvidas, o projeto visa atualização da massa crítica do referido Grupo de pesquisa, através de orientações acadêmicas, seminários, oficinas de leituras e diálogos com especialistas, interagindo conhecimentos, ações e oportunizando a realização de atividades no Museu Goeldi, nas escolas, nas universidades e instituições do setor pesqueiro. Integra também alunos de várias fases do curso de graduação, em ciências sociais e áreas afins, através do Programa do PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/PPGCS- UFPa. Estes alunos na sua maioria prosseguem na carreira de pesquisa e continuam dando ênfase aos estudos haliêuticos, iniciados sob a égide do projeto RENAS/LAMAq.


Confira aqui o artigo completo que foi apresentado na III Reunião Equatorial de Antropologia (REA) e XII Encontro dos Antropólogos do Norte e Nordeste (ABANNE) em 2011 


Confira o folder com o resumo sobre o LAMAq que foi elaborado em 2010.